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FUJI|||||||||||TA

Igreja Santa Cruz
4 Out
19h00
Se é verdade que o termo meditativo traz por vezes consigo imagens da placidez vazia new age ou associações nipónicas turísticas, não deixa de ser inegável na música de Fujita Yosuke um poder de imersão evocativo e quase ceremonial que dá a essa expressão ingrata todo um sentido que se manifesta como verdadeiro. Após a estreia tímida com 'Hibinari' em 2011, nove anos passaram em relativa dormência, até ao reaparecimento em 2020 com o sagrado 'iki' na Hallow Ground. Peça deslumbrante amplamente elogiada, criada no órgão de tubos de invenção do próprio, 'iki' trouxe esse som único para a consciência colectiva mais em sintonia com as manobras mais abençoadas do ambientalismo, do minimalismo e do drone e por lá tem habitado, enleado com gravações de campo – como o chamamento de morcegos em 'Kōmori' -, a omnipresença vital da água em conluio com a electrónica de 'NOISEEM' ou a voz em 'MMM'. Recolhendo inspiração na música Gagaku, onde o ritual é mestre, a música de Fujita acede aos mesmos estados de concentração e escape. Meditação, portanto.