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Mariam Rezaei

"How can I make the turntable sound as extreme as Roscoe Mitchell or Peter Brötzmann?" indagou Mariam Rezaei em entrevista à Wire em 2023, pouco antes do lançamento de 'Bown'. Ouvido esse álbum, para o qual contribuem Teresa Winter ou Bobby Glue de Guttersnipe, não temos grandes dúvidas de que a artista inglesa está a ser bem sucedida nessa sua demanda. Ao lado de Evicshen, Nik Nak ou Maria Chavez, tem sido uma das figuras chave para a contínua vitalidade do gira-discos enquanto instrumento de pleno direito, desbravando uma trajectória própria a partir das sementes lançadas por Christian Marclay ou Philip Jeck, informada pelo free jazz, noise, drone ou composição moderna - tendo já trabalhado e composto para ensembles como Apartment House ou a Orquestra de Bruxelas. Quer em contextos de improvisação, quer como compositora, Rezaei molda através da justaposição, do processamento electrónico, do toque e de uma entrega com pleno sentido de direcção, a matéria e espectro sonoro como quem descobre novas possibilidades harmónicas, rítmicas, líricas e sensoriais inscritas nas rodelas de vinil. Parte da realidade aí encapsulada para lhe oferecer uma nova, sempre em aberto.

Foto: Stefano Bonusi