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Jules Reidy

Biblioteca
5 Out
17h55
Tomando como ponto de partida o som rico da sua hexaphonic guitar, Jules Reidy erige do seu som acústico e processado uma música cuja expressão consegue ser simultaneamente tão familiar quanto insondável, (de)sencarnando o espírito da Takoma de Mestre John Fahey em temas onde a electrónica mais cintilante da eMego, a hipnose de Tashi Wada ou a languidez de Hope Sandoval aparecem como espectros vagos. Referências mais ou menos possíveis mas ainda assim incapazes de mapear esta música intangível, onde acordes límpidos de guitarra se sustém numa neblina de reverberações e drones, num jogo de espelhos evocativo a que acorre uma voz resgatada à paisagem numa melancolia de auto-tune. 'Trances', lançado no ano passado pela Shelter Press, após discos na Black Truffle ou Editions Mego, leva o seu título a peito, numa demanda de 44 minutos seccionada em momentos de pura absorção sensorial, tão familiar quanto insondável, dizemos nós outra vez. Porque é mesmo. E isso é muito, muito especial.

Foto: Katja Feldmeier