« Voltar

DJ Anderson do Paraíso

Uma das figuras responsáveis por trazer o baile funk para fora do seu centro de acção mais festivo e imediato, ao lado de nomes como Ramon Sucesso ou DJ K, Anderson do Paraíso parte das fundações mais primordiais do género para as descarnar num fluxo minimalista hipnótico que, sem parasitar a história e vida do Funk Mineiro de Belo Horizonte a traz para uma outra realidade, plena de tensão, mistério e atmosfera. Num processo de reinvenção feito a partir do epicentro dos bailes, mais ou menos análogo ao da invenção da Batida a partir do Kuduro e do Tarraxo da Príncipe, da passagem do 2-Step/UKG para o Grime original ou da diáspora do futuro de muitos artistas da Nyege Nyege - não por acaso, a editora responsável pela edição de 'Queridão' - Anderson do Paraíso inventa uma música imersiva, a espaços ameaçadora, pejada de sombras, a partir de vozes que funcionam como mantras rafeiros, detonações de baixo, uma ginga quase fantasmagórica, flautas sintetizadas e linhas melódicas esqueléticas e etéreas. Queridão é Patrão.

Foto: José Dutra