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Cavernancia & Maria da Rocha

Estreia absoluta de um encontro pleno de sentido, a ter lugar no contexto mais do que apropriado do OUT.FEST. Corações ao alto para esta visão conjunta destas duas figuras, vindas de campos tendencialmente afastados, mas em consonância no poder do som enquanto veículo espectral de elevação: drone, ruído, volume e massa.  Maria da Rocha é uma violinista e violetista de formação clássica com a verve toda para não se afogar no torpor canónico da convenção e da academia. Viajando entre Berlim, Estocolmo e Lisboa, guiada por um sentido de descoberta constante, tem realizado residências em entidades tão respeitadas quanto desafiadoras, na demanda por um conhecimento que reconhece várias escolas – minimalismo, composição contemporânea, drone, improvisação ou electroacústica – mas se usa dessa matéria para chegar às suas próprias ilações. Nolastingname, lançado no ano transacto com selo Holuzam, é um belíssimo artefacto dessa mesma pesquisa, no limbo fixe entre a razão e a emoção.  Pedro Roque é um fotógrafo, músico, melómano e entusiasta barreirense como existem já poucos. Valido de honestidade, vontade e visão panorâmica sobre as normas do peso – Metal e Noise em poço dronesco – tem recolhido merecidos elogios tanto aos seus registos – Em Ciano e Manto – como a aparições ao vivo rodeadas de fumo e rasgos de luz que revelam como a teatralidade dos Sunn O))) pode ser bem supérflua e/ou caricatural quando o fluxo de som converge num vórtice tão imagético quanto físico.